O ano passado foi bastante intenso, tanto no que diz respeito ao meu crescimento profissional (uma vez que me tornei TechLead pela primeira vez em minha carreira) quanto no que se refere ao escopo da minha atuação (pois agora estou lidando com um domínio mais amplo dentro da empresa).

Uma das perguntas que as pessoas frequentemente me fazem durante nossas conversas é como consigo lidar com todas essas responsabilidades.

Primeiro o óbvio: Não dá.

Sinto muito se você esperava uma fórmula mágica. Desde uma simples louça até uma demanda urgente no trabalho, eu tenho que a todo momento escolher do que eu vou abrir mão. Um livro interessante sobre o assunto é A única coisa: o foco pode trazer resultados extraordinários para sua vida, eu não faço só 1 coisa, mas me ajudou a entender que abraçar o mundo não vai me levar muito longe.

Hoje a gente não vai falar sobre priorização, fica para outro dia, meu foco é em mostrar como em meio a todo esse caos que é a nossa vida, existe algumas coisas que podem ajudar você a ter mais consistência.

1% melhor todos os dias

Eu já falei sobre isso, mas eu me esforço constantemente para ser melhor. Desde um indivíduo melhor (aprendendo mais sobre diversidade, comunicação empática e até como o meu papel na sociedade reflete a sociedade que eu quero para o mundo) até um profissional melhor. Só que duas coisas precisam ficar claras nesse exato momento:

• Eu quero ser uma versão melhor de mim mesmo e não ser O melhor

• Nem sempre vai dar certo e tá tudo bem

Inclusive vou aproveitar o espaço pra destacar a fala do grande Alex Rios que precisa ser absorvida por mais pessoas:

É importante ressaltar que eu quero ser uma versão melhor minha porque isso traz o foco para quem eu sou e para quem eu posso ser. Não é sobre o outro, mas sobre mim e meus limites. Eu não consigo ser melhor quando minha saúde está debilitada (física ou mental). Não dá pra ser melhor se eu preciso contar o dinheiro no fim do mês. Não dá pra ser melhor quando eu fiquei a noite inteira acordado cuidando da minha filha doente. Pra mim é impossível ser melhor sem estar bem.

E quando eu estou bem, ainda assim existe um limite de o quanto melhor eu consigo ser de uma vez. Sabe aquele exercício da academia que é pra levantar 10kg e a pessoa tenta levantar 20kg? Então, normalmente o que acontece é uma contusão.

“Rogerio, porque você tá falando tudo isso ao invés de falar sobre a tal ferramenta de evolução?”

Porque sempre que eu leio um artigo sobre a ferramenta X, a técnica Y ou qualquer coisa do tipo, as pessoas esquecem de dizer uma coisa importante: Às vezes vai dar tudo errado. E eu to cansado de me sentir uma farsa quando a tal "Ferramenta revolucionaria que funciona pra todo mundo" não da certo só pra mim, então eu já estou tirando esse peso de você. Tudo aqui pode falhar pra você.

Falhas são parte da vida. Eu gosto muito dessa imagem do @golimitlesss

Sem aquele clichê de palco do sucesso e aqueles papos de mindset não. A real é que tem dia, semana, mês, semestre, ano que é uma droga! A coisa não anda, a promoção não vem, o crescimento não acontece, o relacionamento não engata. Não é bom, mas é parte da vida. A questão é: Você vai desistir?

(outro dia a gente fala sobre desistir e que tá tudo bem nisso também)

Para quem não desistiu

Se você continuou eu vou aceitar que você não desistiu e que agora a gente pode finalmente falar da tal revisão semanal que eu prometi lá no título.

Minha revisão semanal é composta de três partes:

• Raise the bar - Segunda -> 30min

• Feedback time - Quarta -> 30min

• Refletir sobre a minha semana - Sexta -> 45min

A agenda

Primeiro o destaque é: Eu faço um uso intenso da minha agenda (Google Calendar) para as coisas que eu não posso deixar de fazer. Tem gente que usa o Todoist, Trello e por aí vai. A ferramenta não é importante, o que é importante é você ter uma marcação para isso acontecer.

Outra coisa que eu uso em conjunto com a minha agenda é o “Encadeamento de hábitos”, apresentado no livro Hábitos Atômicos. A ideia é que você conecte um hábito que já tem com outro que quer criar. Se não quiser ler o livro (o que eu recomendo), esse artigo é interessante: Atomic Habits, de James Clear - Arata Academy

Raise the bar

Esse evento está presente na minha segunda e tem uma duração de cerca de 30min.O gatilho dele é o “café da tarde” então ele fica marcado por volta das 15h30 pra mim.

A ideia dele é você se avaliar contra o nível atual e o próximo nível. Por exemplo, eu hoje uso uma cópia desta planilha para anotar reflexões sobre o que eu acredito que posso/devo investir para melhorar. Também levanto ações para tentar atacar as dores que eu acredito que posso melhorar:

A planilha é só um exemplo, você pode anotar os feedbacks que tem recebido e ir analisando eles para entender o que pode melhorar. Pode olhar para as últimas tarefas e entender como poderia ter entregado elas melhor. Pode olhar desafios que você acredita serem “maiores” do que seu conhecimento e buscar pessoas que vão te ajudar a entender como vencer eles.

Perceba que a ideia central desses 30mins é “Olhar em direção a onde você quer chegar”. Não no futuro em dez anos, mas no próximo passo da sua carreira.

E também é útil você discutir isso com seu Líder, ele vai te ajudar a entender qual é esse próximo passo, te dar feedback, te dar conselhos, te mostrar opções e te ajudar a ser melhor (se ele não estiver fazendo isso, considere mudar de emprego XD).

Feedback Time

Esse evento é bem recente na minha rotina (cerca de 1 mês) e tem como objetivo principal reconhecer e ajudar as pessoas ao meu redor. Quais são as pessoas que trabalham contigo que estão mandando bem? Quais são as pessoas que estão precisando “daquele toque” sobre um determinado assunto que ninguém dá?

Na correria do dia é muito fácil esquecer de dar feedback, ou de “deixar pra depois”. Mas você perde muito em não dar feedback, tanto no que tange motivação das pessoas (quem não gosta de receber um reconhecimento? Melhor ainda se vier de forma espontânea) quanto no que diz respeito ao desenvolvimento delas. Principalmente se você é líder, feedback é essencial para seu time continuar se desenvolvendo.

Nem toda semana eu necessariamente dou um feedback para as pessoas, mas eu separo esse tempo para reconhecer quem precisa disso. Quem no seu time está mandando muito bem? Quem precisa de uma dica para melhorar? Pensar a respeito disso faz você crescer como pessoa e ajudar essas pessoas a crescerem também. Quando eu acredito que preciso de mais tempo para elaborar um feedback, eu vou anotando as coisas num documento à parte para conseguir desenvolver a ideia que eu entendo que quero expressar.

Um exemplo, eu já escrevi um feedback inteiro e gastei outras 4 sessões apenas refinando ele, desde colocando exemplos tangíveis (não vai inventar de falar de personalidade das pessoas) quanto pensando a respeito da mensagem que eu queria passar (revisando minhas anotações de CNV por exemplo para entender se eu estava julgando essa pessoa com base nas minhas necessidades).

Feedback é difícil, mas é valioso.

Refletir sobre a minha semana

Fechando a semana vem o evento mais doido: Avaliar se você acha que mandou bem na semana.

Quem trabalha comigo já me ouviu falar muitas vezes do brag document, é nesse momento que eu paro e olho para o que eu fiz e coloco essas coisas lá.

A ideia é que eu colete o que eu fiz durante a semana, coloque um link, faça um resumo simplificado de porque eu achei aquilo importante e coloque algumas tags que me ajudem a entender o contexto daquela linha.

Esse é o momento que você consegue ter uma dimensão maior das coisas que tu fez durante a semana, não apenas entregas, mas se aquela parada de “ser melhor” realmente funcionou ou só ficou no campo das ideias.

Eu coloco isso no começo do dia porque sou uma pessoa mais matutina, mas você pode encaixar no melhor tempo para você.

Uma outra coisa que conecta aqui é aquele primeiro momento que eu olhei para o próximo passo da minha carreira: Eu estou fazendo coisas que vão me levar onde eu estou querendo chegar? Olhando toda semana para as coisas que eu fiz, eu consigo ter uma dimensão se estou mandando bem (e sim, tem semana que eu mando mal demais) ou se eu preciso mudar a minha estratégia para algo que faça mais sentido para o que eu quero.

Nem sempre dá certo, mas persistir é preciso

Nem sempre eu consigo fazer isso. Um exemplo é o meu processo de revisão quinzenal de goals. No último semestre eu deixei muito a desejar nele. Faz parte.

Em algumas semanas, minha revisão de sexta não acontece, em outras eu preciso focar em um problema na segunda e acabo deixando minha evolução um pouco de lado. Mas a grande pergunta que eu sempre faço é: A minha carreira é minha maior prioridade?

Assim como a saúde, esse é um cuidado constante e necessário. Tudo bem comer algo não tão saudável de vez em quando, mas se você for sedentário, só comer porcaria e nunca ir no médico, grandes são as chances de que vai acabar mal

E quais são as estratégias que você tem tomado para cuidar da sua carreira? Bora trocar uma ideia :)